Noronha Plástico Zero: um marco para o ecoturismo brasileiro
Carregar a marca de principal atrativo turístico do país traz uma responsabilidade enorme para quem cuida, em todos os aspectos, de Fernando de Noronha. Por isso, o ano de 2019 marcou uma mudança de grande impacto no dia a dia da ilha: a implementação do projeto Noronha Plástico Zero.
Como o próprio nome já diz, a proposta desta iniciativa é zerar o uso diário de plástico em todo o arquipélago. O motivo? O material é um dos principais responsáveis por danos ambientais em oceanos.
O Brasil é o quarto maior produtor de plástico no mundo. De acordo com o manifesto publicado pela equipe do projeto, a estimativa é de que, caso não seja feito nada, em 30 anos teremos mais do material do que peixes nos oceanos. Além disso, atualmente 90% das aves marinhas já ingeriu algum plástico.
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- 1 O que é o Decreto Distrital em Noronha
- 2 Como é feito o descarte do lixo no arquipélago
- 3 Com o que você precisa se preocupar ao fazer a mala
- 4 Noronha: uma ilha livre de plástico
- 5 A preservação de espécies com a ausência do plástico
- 6 O legado de Fernando de Noronha no ecoturismo
- 7 Compartilhe esta ideia
O que é o Decreto Distrital em Noronha
A proibição total do plástico em Fernando de Noronha começou a partir da implementação do Decreto Distrital 02/2018, que entrou em vigor no dia 11 de abril de 2019. Ele é responsável por proibir a entrada, o uso e a comercialização de descartáveis plásticos de uso único no arquipélago.
Alguns dos produtos proibidos são: copos, talheres, canudos, sacolinhas, garrafas PET com menos de 500 ml e embalagens de isopor. Outros produtos descartáveis que têm plástico na composição também não podem entrar no arquipélago.
O decreto é válido para todos na ilha, de moradores a turistas. Hotéis, pousadas, restaurantes, bares, ambulantes e outros estabelecimentos comerciais precisaram se adequar e, caso não cumpram com o combinado, estarão sujeitos a multas. O valor dela é de meio salário mínimo para moradores e turistas, e três salários para os comerciantes.
Desde a implementação do decreto, a participação geral dos moradores de Noronha foi fundamental para que o projeto de plástico zero tivesse êxito. Para isso, foram realizados trabalhos de conscientização e educação ambiental para acelerar o processo de adaptação.
Como é feito o descarte do lixo no arquipélago
Que Fernando de Noronha é um dos mais belos paraísos naturais do planeta, todos nós já sabemos. Porém, para que ele se mantenha assim, uma série de restrições são necessárias. Atualmente, nenhuma estrutura capaz de lidar com a quantidade produzida de lixo no arquipélago. Então, como é feito esse descarte?
Resumidamente, o caminho é longo. Além dos pouco mais de dois mil moradores da ilha, Fernando de Noronha recebe anualmente mais de 100 mil turistas. Com isso, a estimativa é de que seja produzido mais de 200 toneladas de lixo por mês.
Como não há uma coleta seletiva, todo o lixo recolhido é separado na Usina de Resíduos Sólidos. O vidro se transforma em areia para ser utilizada pela construção civil. O lixo orgânico vira adubo após a compostagem. Já o restante viaja cerca de 40 horas até Recife, onde é distribuído entre usinas de reciclagem.
Essa viagem até o continente, feita de barco, acontece cerca de quatro vezes ao mês. Antes do decreto distrital, o plástico costumava ir para o aterro sanitário. Com a proibição do material, além de evitar que esse lixo chegue aos oceanos e prejudique a vida marinha, o descarte do lixo ficou mais fácil.
Com o que você precisa se preocupar ao fazer a mala
Se você está se preparando para viajar ao arquipélago, é bom ter alguns cuidados em relação ao que será levado na mala. Para ajudá-lo, preparamos um pequeno checklist com os itens que não devem estar na bagagem ao sair de casa ou após as comprinhas no aeroporto:
- Garrafas PET de até 500 ml;
- Canudos, talheres e copos descartáveis de plástico;
- Sacolas plásticas de todos os tamanhos;
- Embalagens de isopor;
- Outros produtos descartáveis similares.
Noronha: uma ilha livre de plástico
Prestes a completar um ano do decreto distrital, a primeira ilha livre de plástico no país pensa em como encontrar alternativas para o uso do material. Os principais responsáveis, mais uma vez, são os autores do projeto Noronha Plástico Zero que se dividiram em quatro passos: repensar, regenerar, reutilizar e ressignificar.
Centro de Engajamento
Criado para refletir, repensar e conscientizar sobre a preservação do meio ambiente, foi criado o Centro de Engajamento com rodas de conversa, palestras e cursos. Neste primeiro passo da jornada, um dos objetivos é fazer uma imersão na história do plástico para mostrar os males deste resíduo e a necessidade do descarte consciente pensando na sustentabilidade e no ecoturismo responsável.
Agentes de Transformação
Para passar essa mensagem que irá contribuir e regenerar os hábitos dos moradores do local e até mesmo dos visitantes, são convocados os Agentes de Transformação.
Eles se espalham por todo o arquipélago, das praias ao aeroporto, passando de casa em casa para fazer com que todos repensem o uso de resíduos que prejudicam a natureza e assim tenham uma melhor educação ambiental e de sustentabilidade.
Kit Reutilizável
Por fim, além de evitar o consumo de descartáveis em plástico, o projeto Noronha Plástico Zero propôs alternativas para o uso do material no dia a dia. Com isso, foi criado o Kit Reutilizável, que conta com copo, canudo e bolsa reutilizáveis, sendo positivo econômica e ambientalmente.
A preservação de espécies com a ausência do plástico
Além do impacto imediato no meio ambiente, evitando que aves ou tartarugas tenham problemas com resíduos nos mares, a proibição do plástico em Fernando de Noronha é essencial para evitar a morte de milhões de animais e garantir a preservação de diversas espécies, principalmente as marinhas.
O legado de Fernando de Noronha no ecoturismo
A única ilha oceânica do país deu só o primeiro passo rumo a um mundo com cada vez menos plástico. Além de salvar centenas de espécies marinhas abolindo o uso do material, o legado de Noronha vai se espalhando por outras regiões do país.
Em Florianópolis/SC, o objetivo é ser a primeira cidade “Lixo Zero” até 2030. Ou seja, nos próximos dez anos a expectativa é que as 100 mil toneladas de lixo produzidas anualmente deixem de ser encaminhadas ao aterro sanitário.
Assim, a coleta seletiva, reciclagem, compostagem dos resíduos orgânicos e a conscientização do uso desnecessário de componentes como os descartáveis de plástico estarão no cotidiano dos moradores. Para isso, o município pretende realizar um plano de reeducação para melhorar o conhecimento da comunidade.
Além dos planos de Florianópolis, nosso desejo é que outros destinos de ecoturismo e, até mesmo, grandes cidades sigam o exemplo de Noronha e preservem cada vez mais o nosso maior patrimônio: a natureza.
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